
O deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB) será candidato único à presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O núcleo de articulação política do governador Romeu Zema (Novo) e parlamentares aliados ao Executivo buscaram construir uma chapa própria, mas, ontem, houve a decisão por apoiar Tadeuzinho – como o emedebista é chamado pelos colegas. Além de Tadeuzinho, o líder de Zema na Assembleia, Roberto Andrade (Patriota), também tentou emplacar uma candidatura. Nesta semana, porém, desistiu do pleito e ou a trabalhar por outras alternativas, como uma costura que buscava fortalecer a eventual participação de Duarte Bechir (PSD) no pleito. O movimento, contudo, não prosperou.
Durante a tarde, interlocutores do governo ouvidos pelo Estado de Minas já falavam, sob reservas, que a unificação seria a melhor opção. Em declaração enviada à imprensa, Zema defendeu a solução – embora não tenha citado o deputado do MDB. “A eleição da Mesa é um tema interno da Assembleia, mas tenho certeza de que a unificação dos deputados ao redor de uma candidatura única seria a melhor (escolha) para os mineiros”, disse.
Segundo soube a reportagem, o aval do governo a Tadeuzinho foi dado após uma reunião entre o candidato à presidência da ALMG e representantes do Palácio Tira- dentes. A informação sobre a candidatura única de Tadeuzinho foi confirmada publicamente por Agostinho Patrus (PSD), atual presidente da Assembleia e aliado do emedebista. “A luta contra a liberdade é inglória. Quem experimenta o delicioso sabor da independência não agrada mais do fel da subordinação. O gosto está na boca dos parlamentares. Parabéns, Tadeu. Sucesso!” escreveu no Twitter.
A fala de Agostinho vai ao encontro de um dos temores dos deputados contrários à candidatura de Roberto Andrade. Havia preocupação sobre a proximidade dele com o Executivo e o secretário de Estado de Governo, Igor Eto.
O governo, por sua vez, tentou construir uma candidatura por causa, justamente, de Agostinho. Ele e Zema colecionaram embates públicos ao longo do primeiro mandato do político do Novo. Projetos tidos como importantes para o Executivo, como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), não avançaram.
Cálculo de votos 226n60
Mesmo antes da conversa a respeito da candidatura única, apoiadores de Tadeuzinho calculavam que ele teria os votos de ao menos 45 dos 76 parlamentares aptos a votar em 1º de fevereiro. Entre os deputados que endossam a chapa a ser montada por ele estão os 20 integrantes da coalizão à esquerda, formada por PT, PCdoB, PV, Psol e Rede Sustentabilidade. Os partidos vão formar um bloco de oposição a Zema.
“O Poder Legislativo precisa de ter à sua frente alguém comprometido com o nosso estado e com a fiscalização das ações do Executivo. Estamos muito confiantes de que este é o melhor projeto para o Parlamento mineiro”, afirmou o petista Ulysses Gomes, líder da Minoria, ao explicar o apoio dado pelo grupo de esquerda a Tadeuzinho.
“Um Legislativo forte, com autonomia e capaz de cuidar do povo mineiro como ele merece. É o que defendemos e queremos para Minas Gerais”, completou. O PL, embora tenha selado acordo para embarcar na base aliada a Zema, também já havia acertado apoio a Tadeuzinho. A justificativa de autonomia do Legislativo, usada pelo PT, também baseou a decisão do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.