
Isso significa que um maior número de pessoas poderá ser vacinada com uma quantidade menor do imunizante. A descoberta fez a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produzirá as doses no Brasil, prever a vacinação de 136,5 milhões de pessoas em 2021. Ainda falta a liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a intenção é de que as doses comecem a ser aplicadas até março.
A estimativa é 30% maior do que a prevista anteriormente pela Fiocruz. “No primeiro semestre, teríamos 100,4 milhões de doses para oferecer a 50,2 milhões de brasileiros. No entanto, com esse protocolo anunciado, as mesmas 100,4 milhões de doses poderão ser utilizadas na vacinação de cerca de 65 milhões de pessoas”, indicou o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger. “No segundo semestre, com a produção 100% nacional na Fiocruz e mais 110 milhões de doses, poderemos vacinar mais 71,5 milhões de pessoas. Isso coloca o país numa posição privilegiada entre as nações que terão um grande número de doses para as suas populações.”
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, comemorou a mudança prevista no esquema vacinal que beneficiará mais pessoas. “Essa vacina deixa de ser uma candidata promissora para ser uma vacina que será produzida pela Fiocruz e uma resposta à saúde pública brasileira”, destacou.
A Fiocruz assinou um acordo de transferência total de tecnologia com a Universidade de Oxford e com a AstraZeneca para produção do imunizante no Brasil, que será feita pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
O processo de transferência tecnológica da vacina deve ocorrer em duas etapas. No primeiro momento, o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), que é a matéria-prima da vacina, será enviado pela AstraZeneca ao Brasil para que as primeiras doses do imunizante sejam preparadas e comecem a ser distribuídas, em março. Num segundo momento, a partir do meio do ano, após ter a incorporação tecnológica concluída, o Bio-Manguinhos será capaz de produzir o IFA de maneira independente.
Segundo o diretor do Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, o preço da vacina de Oxford é uma das vantagens. “Estamos trabalhando dentro do cronograma previsto, com uma expectativa de produção de 210,4 milhões de doses em 2021, com um valor por dose extremamente ível, entre US$ 3 e US$ 4 (cerca de R$ 16 a R$ 22) e uma vacina que pode ser armazenada e transportada na temperatura de 2°C e 8°C, podendo ser distribuída e armazenada utilizando toda a logística já existente no Programa Nacional de Imunizações (PNI)”, enfatizou. Numa comparação, a vacina da Pfizer, por exemplo, precisa ficar a uma temperatura de -70°C, o que seria um problema para o Brasil, que não tem esse tipo de logística de armazenamento.
Balanço 313n3e
Enquanto a população ainda não tem o à solução contra a covid-19, o Brasil sofre diante da possibilidade de uma segunda onda da doença. A atualização do balanço de casos do novo coronavírus feita pelo Ministério da Saúde, ontem, confirmou mais 16.207 diagnósticos positivos e 302 óbitos, em 24 horas. Com isso, o Brasil soma 6.087.608 de confirmações e 169.485 vidas perdidas.
Segundo o Portal Covid-19 Brasil, iniciativa formada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP), o país deve atingir, hoje, a marca de 170 mil vítimas da covid.
Com os novos números, as médias móveis de casos e mortes oscilam. De acordo com análise do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), por dia, morrem 496 pessoas e há acréscimo diário de 30.163 casos.
O Ministério da Saúde chegou a formalizar a intenção de compra da CoronaVac por meio de um ofício enviado ao diretor do Butantan, em outubro, mas o presidente Jair Bolsonaro cancelou o documento. Em novembro, o chefe do Planalto recuou e disse que pode comprar a vacina. No entanto, ainda não há nada oficialmente decidido. (MEC)